O lado mais assustador do óxi talvez
seja a carência de dados sobre seu alcance no território brasileiro.
Quem se debruça sobre o assunto, avalia que a droga atinge todas as
classes sociais. "Não há um perfil estabelecido de usuário: ela é usado
tanto pelos estratos mais pobres quanto pelos mais ricos da população",
diz Ana Cecília Marques, psiquiatra da Associação Brasileira de Estudos
de Álcool e Outras Drogas (Abead).
Também faltam estudos científicos sobre
sua ação sobre o ser humano. Por ora, sabe-se que, por causa da
composição mais "suja", formada por elementos químicos agressivos, ela
afeta o organismo mais rapidamente. A única pesquisa conhecida sobre a
droga – conduzida por Álvaro Mendes, da Associação Brasileira de Redução
de Danos, em parceria com o Ministério da Saúde – acompanhou cem
pacientes que fumavam óxi. E chegou a uma terrível constatação: a droga matou um terço dos usuários no prazo de um ano.
Além, é claro, do risco de óbito no longo prazo, seu uso contínuo
provoca reações intensas. São comuns vômito e diarreia, aparecimento de
lesões precoces no sistema nervoso central e degeneração das funções
hepáticas. "Solventes na composição da droga podem aumentar seu
potencial cancerígeno", explica Ivan Mario Braun, psiquiatra e autor do
livro Drogas: Perguntas e Respostas.
Por último, mas não menos importante, uma particularidade do óxi assusta
os profissionais de saúde: a "fórmula" da droga varia de acordo com
"receitas caseiras" de usuários. É possível, por exemplo, encontrar a
presença de ingredientes como cimento, acetona, ácido sulfúrico, amônia e
soda cáustica - muitos dos itens podem ser facilmente encontrados em
lojas de material de construção. A variedade amplia os riscos à saúde e
dificulta o tratamento.
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/oxi-e-mais-prejudicial-que-o-crack